Silent Hill é um clássico absoluto do terror, um marco que redefiniu o que significa medo psicológico nos videogames. Sua atmosfera sufocante, as ruas desertas e enevoadas, o som metálico de passos distantes e as criaturas que parecem saídas de pesadelos ainda hoje causam arrepios.
Mas, por mais perturbador que seja, o jogo não é o limite do horror digital. Existem títulos que mergulham ainda mais fundo na insanidade, na solidão e no desconforto, oferecendo experiências que testam os nervos até dos jogadores mais corajosos.
O que diferencia esses jogos não é apenas o medo que provocam, mas a maneira como o fazem. Alguns utilizam monstros implacáveis que caçam o jogador sem trégua, enquanto outros distorcem a realidade até o ponto em que é impossível saber o que é verdade. São obras que exploram o medo de estar sozinho, de perder o controle e de enfrentar o desconhecido — levando o horror psicológico de Silent Hill a um novo patamar.
Alien: Isolation
Em Alien: Isolation, o terror é de pura sobrevivência. O jogador assume o papel de Amanda Ripley, filha da icônica Ellen Ripley, em uma estação espacial isolada onde um único inimigo — o Xenomorfo — domina tudo. A diferença aqui é que não há como derrotá-lo: ele aprende, se adapta e caça. Seu comportamento é imprevisível, e cada passo dado pode ser ouvido por ele.
A IA do alien é tão sofisticada que nenhum esconderijo é seguro por muito tempo. Cada partida é uma mistura de pavor e tensão.
O jogador precisa decidir entre arriscar-se a avançar ou ficar escondido, torcendo para o monstro não aparecer. Alien: Isolation dispensa o terror simbólico de Silent Hill e o substitui por um medo físico e visceral. É estar completamente à mercê de algo incontrolável, em um jogo que não oferece refúgio nem alívio.
Resident Evil 7
Resident Evil 7 marcou o renascimento da franquia da Capcom. Ao adotar a perspectiva em primeira pessoa, o jogo mergulha o jogador em uma experiência íntima e sufocante. A família Baker — grotesca, sádica e inquietantemente humana — representa o pesadelo perfeito: o terror doméstico levado ao extremo.
O ritmo é calculado para aumentar a tensão gradualmente. Há momentos de calma enganosa seguidos de cenas brutais e imprevisíveis. O jogador é levado a explorar lentamente a casa, até que a violência explode sem aviso. E quando isso acontece, o susto é real.
Em realidade virtual, o impacto se torna quase insuportável — um dos motivos pelos quais o jogo é considerado uma das experiências mais aterrorizantes já criadas.

Visage
Em Visage, não há monstros te perseguindo nem armas para se defender. O horror vem da própria casa. Tudo parece normal à primeira vista, mas algo está errado — e o jogador sente isso antes mesmo de saber por quê. As luzes piscam, os móveis se movem sozinhos, e os corredores se transformam em labirintos impossíveis.
Cada vez que você atravessa um mesmo cômodo, algo muda. O som de passos no andar de cima, uma sombra na parede ou um objeto que não estava lá antes. Visage é imprevisível, desconfortável e opressor. O terror nasce da incerteza — e a fantasma Lucy é uma das presenças mais assustadoras dos games modernos.
Fatal Frame II
Fatal Frame II: Crimson Butterfly transforma o medo em algo íntimo. As armas são substituídas por uma câmera fotográfica, e o jogador deve enfrentar fantasmas olhando diretamente para eles através da lente. Quanto mais perto o espírito estiver, maior o dano — o que significa permitir que ele se aproxime antes de apertar o obturador.
Ambientado em uma vila japonesa amaldiçoada, o jogo combina elementos do folclore oriental com uma atmosfera de tristeza e melancolia. Cada fantasma carrega uma história trágica, e a sensação é de estar libertando almas atormentadas em vez de apenas combatê-las.
Fatal Frame II não apenas assusta — ele emociona e entristece, tornando-se uma experiência única dentro do gênero.
Outlast
Em Outlast, o jogador é um jornalista investigando o manicômio Mount Massive, um local tomado por pacientes enlouquecidos após experimentos desumanos. A única ferramenta disponível é uma filmadora com visão noturna. O problema? As baterias acabam rápido.
Assim como em Silent Hill, Andar pelos corredores escuros é uma experiência de puro desespero. Sem armas, só resta correr e se esconder. O asilo é um labirinto de portas quebradas e passagens estreitas, e cada ruído pode significar uma ameaça iminente. Outlast leva o jogador à exaustão mental, explorando o medo do desconhecido e da impotência.
Dead Space
Dead Space redefine o horror no espaço. Em uma nave infestada por necromorfos — criaturas deformadas que só morrem ao serem desmembradas —, o jogador precisa lutar pela sobrevivência enquanto tenta manter a sanidade.
Os sons da nave, o ranger metálico dos corredores, os gritos distantes e o silêncio sufocante criam um ambiente de terror absoluto. O isolamento e a brutalidade tornam cada encontro uma batalha pela vida.
Diferente do terror psicológico de Silent Hill, Dead Space aposta no grotesco e no impacto visual — uma experiência intensa que mistura ação, claustrofobia e horror corporal.
Devotion

Ambientado em Taiwan nos anos 1980, Devotion é um terror profundamente humano. A história se passa em um apartamento aparentemente comum, mas a normalidade é apenas fachada. Aos poucos, o jogador descobre os segredos obscuros de uma família em colapso.
O medo aqui não vem de monstros, e sim da degradação emocional. A relação entre fé, culpa e desespero é explorada de maneira sutil, mas devastadora. Cada detalhe — um desenho infantil, uma foto antiga, uma oração — ganha novos significados conforme a história avança.
Devotion é perturbador porque se aproxima demais da realidade, e suas mensagens sobre fanatismo e perda ecoam muito depois do fim do jogo.
Darkwood
Darkwood é uma experiência diferente: um terror de sobrevivência em visão aérea, mas sem perder intensidade. O jogador está perdido em uma floresta viva, que muda e se adapta. A visibilidade é limitada, e o som é a principal ferramenta para detectar o perigo.
Quando a noite cai, o pavor atinge o auge. Trancar portas, montar armadilhas e esperar no escuro são as únicas opções. O som de passos, batidas nas paredes ou risadas distantes criam uma tensão quase insuportável. Mesmo quando nada acontece, o medo é constante — porque o jogo faz questão de te lembrar que algo pode acontecer a qualquer momento.
Amnesia: The Bunker
Amnesia: The Bunker coloca o jogador no papel de um soldado preso em um abrigo subterrâneo durante a Primeira Guerra Mundial. A sensação de confinamento é total — e o terror, assim como em Silent Hill, imprevisível. O monstro que habita o bunker age de forma independente, reagindo a sons e movimentos.
O ambiente é um labirinto claustrofóbico, e qualquer erro pode ser fatal. Com recursos escassos, o jogador precisa decidir entre arriscar-se para buscar munição ou se esconder na escuridão. O resultado é uma experiência sufocante, onde cada barulho pode significar a morte.
MADiSON

Por fim, MADiSON é o tipo de jogo que redefine o medo sobrenatural. O jogador acorda em uma casa coberta de sangue, e tudo o que tem em mãos é uma câmera Polaroid. As fotos revelam o que os olhos não conseguem ver — e às vezes é melhor não ver.
Cada clique pode mostrar algo inesperado: uma figura parada no canto, uma marca de sangue que não estava ali antes, ou algo que se moveu enquanto você piscava. O som é parte fundamental da experiência, com ruídos sutis que confundem a mente.
Sem armas ou refúgios, MADiSON obriga o jogador a seguir em frente, mesmo quando tudo dentro dele grita para parar.
Esses títulos provam que o terror nos videogames está em constante evolução. Se Silent Hill é o pesadelo que abriu caminho, esses jogos são os delírios que o seguiram — experiências que desafiam a lógica, testam a coragem e fazem o coração acelerar como poucos filmes de terror conseguem.
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