Nem sempre o personagem principal de um filme é um herói admirável. Muitas vezes, o público é levado a torcer por alguém que, no fim das contas, está longe de ser uma boa pessoa.
Há produções em que acompanhamos anti-heróis, mas em outros casos a dinâmica é ainda mais sombria: o centro da trama é alguém cruel, egoísta ou criminoso, mas que mesmo assim conquista nossa atenção.
Esse tipo de construção é especialmente comum em dramas policiais e filmes de máfia, onde vemos a ascensão e a queda de indivíduos que constroem seus impérios por meio da violência.
Mas o recurso também aparece em comédias, thrillers e até adaptações de quadrinhos. A seguir, você confere uma lista de longas em que os chamados “protagonistas” são, na realidade, os piores vilões da narrativa.
Atração Perigosa (2010) – Doug MacRay
No filme dirigido e estrelado por Ben Affleck, acompanhamos Doug MacRay, líder de uma quadrilha de assaltantes que trabalha para um poderoso mafioso. Embora o roteiro tente humanizar o personagem, mostrando sua lealdade aos amigos e um romance improvável com uma vítima de sequestro, a verdade é que Doug continua sendo um criminoso frio.
Ao longo da trama, o espectador até deseja que ele encontre a liberdade, mas a realidade é que ele jamais deixa de ser um vilão fugitivo.
Donnie Brasco (1997) – Lefty Ruggiero
Embora o título destaque Donnie, um agente do FBI infiltrado, o coração da história é Lefty, vivido por Al Pacino. Ele é um mafioso envelhecido que apresenta o novato ao submundo e, sem saber, acaba colocando sua própria vida em risco.
Lefty é assassino e criminoso, mas seu carisma gera empatia. Quando percebemos que será traído pelo homem em quem confiava, o impacto é devastador. Nesse caso, o público acaba torcendo por um vilão fadado à tragédia.
O Poderoso Chefão (1972–1990) – Michael Corleone
A trajetória de Michael é uma das mais trágicas do cinema. No primeiro longa, ele surge como herói de guerra tentando se manter longe dos negócios da família. Aos poucos, porém, assume o comando do império e se torna ainda mais impiedoso que o pai.
Ao final da trilogia, o que resta é um homem consumido pelo poder e pela solidão. A ironia é que, durante toda a saga, o público torce por alguém que, a cada passo, se afasta do herói que poderia ter sido.
Curtindo a Vida Adoidado (1986) – Ferris Bueller
Nem todo “vilão disfarçado de protagonista” é um mafioso ou assassino. Às vezes, é apenas um adolescente manipulador. Ferris, interpretado por Matthew Broderick, mata aula e arrasta a namorada e o melhor amigo para suas aventuras irresponsáveis.
Ao final, ele destrói a confiança do amigo e praticamente arruína sua vida, sem demonstrar remorso. Apesar do tom de comédia, é impossível ignorar o quanto Ferris é egoísta — e como o filme nos faz rir e torcer por ele mesmo assim.
Scarface (1983) – Tony Montana
Al Pacino novamente interpreta um personagem carismático, mas totalmente corrompido. Tony Montana é um imigrante que constrói seu império no tráfico de drogas através da violência e da ambição desmedida.
O roteiro de Oliver Stone torna difícil não torcer por ele em alguns momentos, mesmo que sua personalidade explosiva deixe claro que se trata de um vilão nato. Quando sua história termina em um banho de sangue, parece justo — mas, até lá, muitos espectadores já haviam se envolvido com sua ascensão criminosa.
O Abutre (2014) – Lou Bloom
Jake Gyllenhaal entrega uma de suas atuações mais perturbadoras neste thriller. Lou Bloom começa como um pequeno ladrão, mas logo descobre a oportunidade de ganhar dinheiro filmando cenas de acidentes e crimes para vender a emissoras de TV.
Ao invés de seguir regras, ele passa a manipular e até provocar situações violentas para capturar imagens exclusivas. O resultado é um protagonista abominável, mas fascinante de se assistir — um exemplo claro de vilão que se disfarça de herói para a audiência.

Coringa (2019) – Arthur Fleck
Inspirado no famoso inimigo do Batman, este longa apresenta uma versão alternativa da origem do Coringa. Arthur Fleck é um homem com problemas mentais que sonha em ser comediante, mas acaba se transformando em símbolo de caos.
Apesar de sabermos desde o início que se trata de um vilão, o roteiro cria empatia por sua dor, tornando ainda mais chocante a forma como ele mergulha na violência. Aqui, o protagonista nunca foi herói — mas o público, em algum momento, simpatiza com ele.
Pulp Fiction (1994) – Vincent Vega e Jules Winfield
No clássico de Quentin Tarantino, não existe espaço para personagens realmente “bons”. Vincent (John Travolta) e Jules (Samuel L. Jackson) são assassinos de aluguel que trabalham para a máfia.
Ainda assim, são eles que comandam a narrativa e conquistam o público com diálogos carismáticos e humor ácido.
Mesmo sendo brutais e sem escrúpulos, a dinâmica da dupla faz com que o público acompanhe suas histórias quase como se fossem anti-heróis — mas não há dúvida: são vilões.
Jogos Mortais X (2023) – John Kramer (Jigsaw)
A franquia sempre deixou claro que Jigsaw era um vilão, mas em Saw X a perspectiva muda. O filme funciona como prequel e mostra John Kramer descobrindo sua doença terminal e sendo enganado por uma falsa clínica de tratamento.
A partir daí, o público acaba simpatizando com sua vingança contra golpistas. O curioso é que, mesmo conhecendo o histórico de Jigsaw como assassino, muitos espectadores torcem por ele durante o longa.

Sangue Negro (2007) – Daniel Plainview
Paul Thomas Anderson apresenta um dos retratos mais sombrios do cinema moderno. Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) é um explorador de petróleo que constrói sua fortuna drenando comunidades inteiras, destruindo famílias e até mesmo se voltando contra o próprio filho adotivo.
Embora seja o protagonista absoluto, Daniel é uma figura monstruosa. O desfecho, em que mata Eli Sunday de forma brutal, deixa claro que o filme nunca tratou de redenção, mas sim da queda moral de um homem consumido pela ambição.
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